O professor Eugene Fletcher, da Universidade de Carleton, no Canadá, foi recebido no Programa de Pós-Graduação em Microbiologia Agrícola para sua primeira visita ao Brasil. Eugene desenvolve pesquisas sobre leveduras e, desde o início de 2024, vem atuando em parceria com o professor Wendel Silveira, coordenador do Laboratório de Fisiologia de Microrganismos e do PPGMBA. A visita ao Brasil oficializa o trabalho conjunto das duas equipes, com financiamento do Faculty Mobility for Partnership Building Program, do Canadá, voltado para atividades acadêmicas de professores canadenses na América Latina e Caribe. 

“Eu conheci o Wendel quando fizemos um pós-doc no mesmo laboratório, na Suécia. Desde então tínhamos interesse em trabalhar juntos. Recentemente, quando surgiu a oportunidade de aplicar para o programa de mobilidade de docentes, achei que era a hora perfeita de colocar essa ideia em prática. Nossos países têm ambos grande interesse na conversão de resíduos agrícolas e de laticínios em produtos químicos valiosos”, conta Eugene. No Canadá, o professor comanda um grupo de pesquisa especializado em engenharia de leveduras para produção de itens que podem ser usados como biocombustíveis e conservantes em ração animal. “Embora tenhamos interesses de pesquisa em comum, cada um dos nossos grupos traz uma experiência única. Tanto o professor Wendel quanto eu nos concentramos na fermentação usando levedura – o microrganismo usado para fazer cerveja e pão – mas o grupo dele trabalha com diferentes tipos de levedura. Além disso, seu grupo tem muita experiência no desenvolvimento de ferramentas de bioinformática para descobrir novos genes de levedura.” 

A expectativa de Eugene é que a combinação de interesses e conhecimentos possa  ajudar a resolver problemas científicos difíceis, que tem despertado o interesse de cientistas no Canadá. “Estamos trabalhando, por exemplo, no desenvolvimento de cepas de levedura que podem converter resíduos e subprodutos de laticínios em etanol, em ácidos orgânicos para a fabricação de bioplásticos e em lipídios. O laboratório brasileiro está usando a plataforma de bioinformática para examinar centenas de sequências de DNA de leveduras para encontrar novos genes que tornem as leveduras capazes de consumir lactose, o principal açúcar encontrado nos subprodutos do leite. Meu laboratório na Universidade de Carleton testará esses genes e selecionará o mais eficaz para que a levedura consuma lactose com mais eficiência”, ele explica. 

Nas três semanas de trabalho no Brasil, Eugene ofereceu aos estudantes uma disciplina especial – “Yeast Biotechnology: Engineering yeast cell factories”-, apresentou um seminário a toda a comunidade acadêmica, e participou de diversas reuniões de trabalho com a equipe do professor Wendel e outros possíveis parceiros. “Foi uma experiência muito produtiva. Fiquei muito satisfeito com o engajamento e a resposta dos estudantes durante a disciplina e em muitas outras oportunidades de troca que tivemos. Quero abrir as discussões sobre as possibilidades de colaboração com outros grupos de Viçosa, com a expectativa de expandir as nossa atuação por aqui”.

O projeto de Eugene tem previsão de duração de dois anos, até 2026. Nos próximos meses, de volta ao Canadá, o professor pretende seguir com os trabalhos em conjunto, com expectativa inclusive de promover o intercâmbio de estudantes entre os dois países e trabalhar para que novos financiamentos possam ser liberados. “Espero que essa visita resulte em novas colaborações e publicações que atraiam a atenção e nos ajudem a garantir mais financiamento, beneficiando a pesquisa de ambas as universidades.”