Uma equipe de pesquisadores coordenada pela professora Cynthia Canedo, do Laboratório de Microbiologia Ambiental Aplicada, acaba de ganhar o Prêmio Inventor Petrobras 2023, pela criação de um processo capaz de retirar amônia de efluentes com alta salinidade. A técnica desenvolvida por Cynthia, com apoio da própria Petrobras, ao longo de mais de uma década, foi patenteada e já é aplicada em Estações de Tratamento de Efluentes da estatal.
O trabalho começou em função de uma demanda trazida pela descoberta da camada do pré-sal no Brasil. Como prevê a legislação brasileira para uso de recursos hídricos (CONAMA No 430/2011), a Petrobras precisaria tratar os efluentes gerados pelo processo de retirada do petróleo, mas a alta salinidade da mistura trazia um desafio novo. “O sal inibe os microrganismos até então utilizados para remover amônia. Então, qual foi a nossa solução? Adaptar os microrganismos para remoção de amônia em altas concentrações salinas”, explica a professora.
Para isso, Cynthia e equipe apostaram nas bactérias nitrificantes autotróficas e desnitrificantes heterotróficas, grupo que até então não era explorado para este fim. “Resolvemos mudar os parâmetros operacionais para o tratamento desta amônia em alta concentração salina no laboratório, primeiro, e depois começamos a trabalhar com os biorreatores pilotos. E deu certo.” A patente saiu este ano, consagrando um trabalho iniciado quando Cynthia ainda era pós-doc pela Unicamp. “É um trabalho de muito tempo, duas teses, duas dissertações, várias pesquisas, muitos colaboradores…” Além da professora, são autores da patente Larissa Quartaroli e Lívia Carneiro Fidelis Silva (egressa do Programa de Pós-Graduação em Microbiologia Agrícola), e os pesquisadores da Petrobras Rodrigo Suhett de Souza, Haline Bachmann Pinto, Ricardo de Araújo Cid da Silva e Maíra Paula de Sousa.
Essa é a segunda vez que uma equipe relacionada ao PPGMBA recebe este prêmio da estatal. Em 2021, o professor Sérgio de Paula e equipe conquistaram o mesmo prêmio por um projeto voltado para o uso de bacteriófagos para controle de bactérias redutoras de sulfato, que são microrganismos que causam corrosão (enferrujam) as plataformas de petróleo e das tubulações. “É uma alegria ver o reconhecimento do nosso trabalho e vê-lo sendo aplicado e ajudando a solucionar um problema real”, diz Cynthia. “Isso para nós não tem preço: saber que aquela Estação de Tratamento de Efluentes da Petrobras lá de São Sebastião/SP e outra de Angra dos Reis/RJ estão aplicando os parâmetros que a gente padronizou aqui no nosso laboratório. É esse o nosso propósito. ”
Deixar um comentário