Colônia foi desenvolvido

Colônia foi desenvolvido por Jonas Teixeira no Laboratório de Microbiologia de Produtos Fermentados

E se, mais que uma tese, anos de estudos abrissem caminho para a criação de um jogo? É essa a história do pesquisador Jonas Teixeira que, ao final do seu Doutorado pelo Programa de Pós-Graduação em Microbiologia Agrícola, apresentou à banca um jogo de tabuleiro. “Colônia“, batizado em referência à ação dos microrganismos, foi desenvolvido para, de forma lúdica e envolvente, popularizar e difundir conhecimento a respeito dos alimentos fermentados, principal objeto de estudo do Laboratório de Microbiologia de Produtos Fermentados (FERMICRO), coordenado pelo professor José Guilherme Prado Martin. Apresentado na defesa da tese de Jonas, o jogo segue sendo destaque no laboratório, que teve aprovado pela Fapemig um projeto para produção e distribuição do produto. 

“Esse processo todo foi um grande presente para mim. Eu vim de uma área muito diferente, uma ciência muito mais dura, e aprendi muita coisa enquanto desenvolvíamos o jogo”, conta Jonas, que até então realizava pesquisas envolvendo vírus e chegou a iniciar o doutorado com eles em mente. “Eu fiz o mestrado pelo PPGMBA e iniciei o doutorado na sequência. Mas, no meio deste processo, fui trabalhar com o professor Guilherme, que me propôs o jogo e dali desenvolvemos tudo.” 

A metodologia escolhida pelos pesquisadores para criar o jogo também foi uma novidade para o PPG. A Design Science Research, utilizada por cientistas de ramos diversos, prevê várias etapas de desenvolvimento de uma ideia, a começar pela prospecção. “É uma primeira etapa, de conscientização do problema, de identificação dos pontos-chave que você precisa ter claros antes de iniciar um projeto de desenvolvimento do artefato em si, que é o produto final”, explica Jonas. Nesta etapa, o grupo identificou os objetivos e propósitos do jogo, pensado sobre três pilares: diversão, popularização e aprendizado. “E, para isso, a gente consultou especialistas. Não foi uma mera criação por intuição. Consultamos quais as temáticas mais sensíveis dentro da área, o que era observado de dificuldade para trabalhar esse assunto na sala de aula, como se aplicaria o jogo na prática. Entrevistei alguns professores da nutrição, da engenharia de alimentos, da microbiologia. E, em paralelo, também consultei especialistas do ramo de jogos.” 

Com essas informações levantadas, Jonas partiu em seguida para a criação do jogo em si, que traz como principal atrativo a possibilidade de degustação. “Isso é o que faz dele um jogo diferente de um jogo convencional de tabuleiro. Em algum momento, os jogadores vão ser instigados a experimentarem, a degustarem, porque a ideia é justamente popularizar esses alimentos, incentivar o consumo”, avalia o professor orientador, Guilherme Martin. O modelo final do jogo, conforme apresentado à banca do doutorado, veio após três ciclos avaliativos, em que os pesquisadores revisaram, dentre outras características, a usabilidade, a jogabilidade, a aprendizagem e a adaptação ao paladar. 

O jogo
Colônia é um jogo competitivo, multijogador (de duas a seis pessoas), com um tabuleiro modular cujas peças simbolizam diferentes ambientes (matérias-primas) a serem colonizados. Os jogadores interpretam papéis de microrganismos, e o tabuleiro vai sendo montado (por eles) à medida em que colonizam novos territórios. As escolhas deles sofrem impacto das características individuais de cada ambiente, de sua interação com outros jogadores e das “cartas de evento”, que podem facilitar ou dificultar a corrida dos colonizadores. Ganha o jogo quem conquistar três territórios que façam contato entre si. “Na microbiologia, uma colônia se forma a partir da reprodução dos microrganismos; aos poucos, essa população vai aumentando até que passa a ser visível a olho nu. É essa analogia que a gente quis fazer”, explica Jonas. 

Os recursos para a próxima etapa do trabalho, em que será feita a produção dos jogos, foram conquistados via Fapemig, por meio de um edital  de apoio a ações de divulgação da ciência, da tecnologia e da inovação. No projeto, está prevista a produção de 50 unidades do jogo, incluindo os inóculos para produção dos alimentos, a distribuição e a divulgação desse produto na internet. “Esses jogos vão ser distribuídos para escolas, para estabelecimentos de jogos, e para pessoas engajadas com a fermentação e que podem dar uma visibilidade maior para essa ideia. A gente espera que ele possa contribuir para a popularização e o aumento do consumo dos alimentos fermentados no Brasil”, diz Guilherme.