A doutoranda Paloma Cunha está de volta ao Brasil após seis meses de trabalho na Norwegian University of Life Sciences, na Noruega. Na Europa, a pesquisadora foi recebida pelo professor italiano Davide Porcellato e pelo pós-doc brasileiro Vinícius da Silva Duarte, egresso do Programa de Pós-Graduação em Microbiologia Agrícola. No período em que esteve no exterior, Paloma, cuja pesquisa está voltada para o controle biológico de patógenos usando os bacteriófagos, contribuiu com os estudos relacionados ao microbioma de vacas leiteiras realizados pelo laboratório norueguês SciFood (KBM).
“A oportunidade de ir para lá surgiu a partir do contato com o Vinícius, que realizou parte de sua formação aqui, no mesmo laboratório onde eu atuo. Ele está na equipe do professor Davide, e intermediou esses contatos”, conta ela. Trabalhando desde o início do doutorado com os bacteriófagos, Paloma usou a experiência no Laboratório de Imunovirologia Molecular (LIVM) da UFV, onde é orientada pelo professor Sérgio de Paula, para conquistar espaço no grupo de pesquisa da Noruega. “Existe uma questão na indústria leiteira que é a mastite bovina, uma doença que é causada principalmente por bactérias. Eles, então, trabalham estudando a comunidade microbiana da teta, para poder prevenir doenças como essa. O foco não é a mastite em si, mas todo o microbioma que vai servir de base para entender o surgimento da doença”, explica Paloma. “Então, eu fui com a ideia de investigar a parte virômica desses ambientes – analisar o bacteriófogos que poderiam estar presentes naquele ambiente e, dentro deles, eu tinha um foco em estudar os que infectam o Staphylococcus aureus, que é o principal patógeno da mastite.”
Apesar do curto período de seis meses, Paloma se diz satisfeita na volta ao Brasil, com uma bagagem que vai além das análises de laboratório. “Foi muito válido porque consegui ver com outros olhos muitas das coisas que eu fazia aqui no Brasil. Tive acesso a programas e técnicas que aqui não utilizamos tanto, até porque o foco do laboratório não é o mesmo. E pude sair do meu contexto, da minha caixinha, e expandir a visão, me aprofundar em outras coisas”, analisa ela. O desafio de estar em outra universidade, com pesquisadores de diversos perfis e em outra língua ficou mais leve, segundo a doutoranda, em função do conhecimento adquirido durante sua formação. “E eu vi que realmente a gente tem um preparo tão bom que a gente vai pra fora e consegue se virar muito bem, a gente consegue trabalhar. Eu aprendi muito, mas vi também muita coisa que eu sabia, que eu sabia fazer sozinha. A ciência no Brasil, aos trancos e barrancos, é incrível. É importante dizer que o que nos falta, de fato, é verba – tanto para pesquisas no Brasil quanto para cobrir os custos no exterior, com bolsas muito defasadas.”
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