Está em atividade na UFV, desde o final de 2022, uma das primeiras ligas de micologia do Brasil. Batizada de LA Fungi (Liga Acadêmica de Estudos e Pesquisa em Micologia – LA Fungi), a liga é coordenada pela orientadora do Programa de Pós-Graduação em Microbiologia Agrícola (PPGMBA) Marliane Cássia Soares da Silva, e foi criada por estudantes da universidade, com apoio da professora e também orientadora do PPG Marisa Queiroz. A intenção do grupo é potencializar o conhecimento de alunos e professores sobre a funga brasileira. Desde a primeira reunião, em setembro de 2022, até o seu segundo aniversário, comemorado recentemente, o grupo desenvolveu uma rotina de trabalho que envolve reuniões semanais, análise de artigos e trocas de conhecimento sobre diversos tipos de fungo.

“Somos alunos de graduação e pós-graduação com o interesse comum de aprofundar e compartilhar os conhecimentos sobre a área de micologia. Esse campo de estudo, centrado em fungos no geral, era pouco explorado nos projetos existentes na universidade, que se concentravam predominantemente no estudo de fungos de interesse na fitopatologia”, conta Iâmara Pereira dos Santos, uma das fundadoras da liga. Somente recentemente, de forma concomitante com a criação da liga, a Microbiologia passou a oferecer a disciplina “Biologia de fungos”, criada pela professora Marisa. O interesse geral por fungos vem crescendo muito”, completa Marliane, “e estamos nos dedicando, de olho em publicações recentes de diferentes perfis. Essa é área na qual temos ainda muito a avançar aqui na UFV e estamos trabalhando para isso.” 

Além das reuniões semanais pautadas nos interesses dos próprios estudantes, a liga também promove saídas a campo e oficinas de formação. “No que diz respeito a pesquisa, no início desse ano submetemos um projeto em um edital da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig), com o intuito de conseguir recursos para desenvolvermos alguns projetos de pesquisa com macrofungos. Estamos também nos organizando para participar de eventos de extensão, tanto com foco em divulgação científica, quanto com o intuito de fornecer oficinas e minicursos”, conta Iâmara. 

A liga tem hoje dez estudantes, entre alunos de graduação, mestrado e doutorado. Romário da Silva Santana, doutorando pelo PPGMBA, é um dos jovens cientistas que se juntou ao grupo recentemente, e destaca a oportunidade constante de aprender, inclusive com os colegas graduandos. “Ver o interesse dos alunos da graduação me motiva para ter uma base mais sólida no doutorado. Os meninos são muito competentes no que fazem, eu sempre aprendo com os seminários deles, e fazer parte da liga está sendo de um grande valor pessoal e profissional pra mim.”

A coordenadora Marliane conta que ela também aprende com a rotina de atividades da liga, e destaca o papel importante que o grupo vem tendo na atração de novos talentos interessados na micologia. “Estamos tendo oportunidade de debater, de discutir novos fungos, novos assuntos. Eu tenho um trabalho com fungos muito específico, então eu também preciso aprender. Vamos nos enriquecendo juntos, e esse movimento tem atraído mais estudantes para fazer estágio aqui”, conta ela, que trabalha com produção e enriquecimento de cogumelos comestíveis com minerais no Laboratório de Associações Micorrízicas. 

Legado
Ainda existem poucas ligas que trabalham com micologia no Brasil, mas acredito que essa é uma realidade que vai mudar em poucos anos. A LA Fungi trabalha com divulgação científica, e com isso esperamos inspirar outras pessoas que possuem o mesmo apreço pelos fungos”, diz Iâmara, que após dois anos de trabalho estruturando a liga, está deixando o grupo. “Sempre pensei em deixar a liga como um legado para a universidade, para que daqui a 20 anos ou mais ela ainda exista, mesmo que sem a presença de seus fundadores. E, para isso, o registro oficial dela foi um passo muito importante. Ligas são porta de entrada para diversos futuros profissionais, são uma força propulsora muito importante para o desenvolvimento desses estudantes. Ademais, as ligas preenchem brechas que a graduação não alcança, como na inserção dos estudantes no mercado, seja na carreira acadêmica ou para o mercado de trabalho em si.”