As pesquisas desenvolvidas pelo grupo do Laboratório de Associações Micorrízicas vão desde os estudos com microrganismos que auxiliam no crescimento vegetal à produção de cogumelos enriquecidos com minerais.

O Grupo de Associações Micorrízicas da Universidade Federal de Viçosa segue três linhas de pesquisa, voltadas para os estudos de microrganismos que se associam às plantas. São estudadas as ectomicorrizas, as micorrizas arbusculares e as de orquídeas, e bactérias promotoras de crescimento vegetal, além da produção de cogumelos comestíveis.

Um dos trabalhos desenvolvidos a partir das pesquisas do grupo é o de recuperação de áreas degradadas, promovendo a revegetação com o manejo de microrganismos promotores de crescimento vegetal. Para isso são utilizados microrganismos benéficos, como fungos micorrízicos arbusculares e bactérias que proporcionam o desenvolvimento das plantas, como as fixadoras de nitrogênio e solubilizadoras de fosfato. Também são selecionadas aquelas capazes de produzir hormônios que auxiliam no desenvolvimento das plantas, principalmente o radicular. 

As associações micorrízicas (mico= fungo  e riza=raiz) beneficiam as plantas, ajudando-as a se adequarem às condições de estresse. Elas podem proporcionar melhor absorção de água e nutrientes, aumento da tolerância às temperaturas extremas, pragas e doenças.

Para compreender o funcionamento dos microrganismos que trazem benefícios às plantas, busca-se também analisar a diversidade microbiana natural do solo, nos locais em que a vegetação se encontra. Também é feita a seleção daqueles microrganismos que podem proporcionar o estabelecimento das plantas em locais diferentes do de sua origem. Esses estudos permitem o conhecimento acerca das razões pelas quais uma certa espécie vegetal se associa melhor com um microrganismo do que outras espécies.

Tais pesquisas objetivam também o melhor desenvolvimento vegetal, com menor uso de insumos químicos. A parceria com o Sítio Barreiras, por exemplo, trabalha com as bananeiras visando o controle da doença causada pelo Fusarium. Pelos pesquisadores é feita uma seleção de microrganismos que controlam a doença, podendo favorecer o crescimento da planta ou controlar esse fungo. Outra parceria, com o Acrotech, demanda a seleção de microrganismos que ajudam no desenvolvimento das plantas de macaúba. Essas parcerias indicam que os microrganismos são alternativas ao uso de pesticidas e fertilizantes tradicionais, por se mostrarem uma opção mais barata e sustentável.

No caso das orquídeas, também objeto de estudo do grupo, a associação micorrízica é essencial na germinação das sementes, pois essas plantas são desprovidas de reservas nutritivas. O fungo se associa cumprindo o papel de nutrição, inclusive fornecendo carbono à orquídea, principalmente na fase inicial. Esse processo ocorre a partir da decomposição de matéria orgânica pelo fungo ou da sua associação com outras plantas possuidoras de reservas. É possível também que o fungo cause doenças nessas plantas a fim de  transferir nutrientes essenciais para a orquídea. Por isso, o grupo busca a seleção de fungos saprófitas, decompositores de matéria orgânica, para alcançar o objetivo de nutrição da orquídea sem causar prejuízos à outra espécie. 

Há estudos também voltados para a produção dos cogumelos comestíveis. As pesquisas desta linha buscam identificar resíduos agroindustriais que podem ser utilizados para a produção dos cogumelos, como a palha de milho, o bagaço de cana de açúcar ou a casca de café. O objetivo é selecionar o resíduo ou a combinação de mais de um deles que proporciona boa produtividade. Ainda se espera compreender qual espécie de cogumelo é melhor para cada região a depender da temperatura, umidade e outras variações climáticas. 

Resultante de pesquisas, o enriquecimento com minerais destes fungos comestíveis, é uma grande inovação. O grupo identificou que os minerais, quando absorvidos pelos cogumelos, tornam-se mais biodisponíveis. Ou seja, os nutrientes são mais facilmente absorvidos pelo organismo humano quando consumimos os cogumelos. Para isso, faz-se uma adição no substrato de crescimento, como por exemplo de selênio. Os cogumelos também vêm sendo  enriquecidos com lítio, importante para o tratamento de doenças neurológicas, como a bipolaridade. Essa produção de cogumelos enriquecidos proporciona uma disponibilidade de nutrientes essenciais para o ser humano de difícil absorção ou pouco disponíveis em outros alimentos.